Boxeadora abandona luta contra trans em 46 segundos: “Injusto”

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Publicado em 1 de agosto de 2024, 14:19 |
Modificada em 1 de agosto de 2024, 14:20
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Angela Carini disse que nunca levou socos tão fortes antes da luta contra Imane Khelif nas Olimpíadas

A luta entre a boxeadora italiana Angela Carini e a pugilista transexual argelina Imane Khelif nas Olimpíadas de Paris 2024, nesta quinta-feira (1°), durou somente 46 segundos. Isso porque Carini abandonou a disputa pela categoria de até 66kg do boxe feminino relatando dores intensas no nariz após dois socos da adversária. Na ocasião, a italiana de 25 anos atirou seu capacete ao chão e disparou “isso é injusto”, antes de deixar o ringue.

Aos 30 segundos de luta, Carini chegou a ir até seu treinador para consertar o capacete, mas ao retornar à disputa, ela decidiu parar de vez. O oficial da luta segurou a mão das duas pugilistas e ergueu a de Khelif no ar declarando-a vencedora, mas a italiana retirou a sua e caiu de joelhos, aos soluços.

Khelif e outra boxeadora trans, a taiwanesa Lin Yu-ting, chegaram a ser reprovadas em um teste de gênero devido a seus níveis elevados de testosterona – ambas nasceram como homens biológicos -, e foram desclassificadas pela Associação Internacional de Boxe (IBA) no mundial do último ano. Entretanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou a participação das duas atletas nos Jogos de Paris.

“ERA IMPOSSÍVEL CONTINUAR”
Segundo informações do Daily Mail, após a partida, a atleta italiana desabafou dizendo à imprensa que, embora esteja acostumada a sofrer, ela nunca levou um soco tão forte em sua vida.

– Estou acostumada a sofrer. Nunca levei um soco assim, é impossível continuar. Não sou ninguém para dizer que é ilegal. Entrei no ringue para lutar. Mas não senti mais vontade depois do primeiro minuto. Comecei a sentir uma dor forte no nariz. Não desisti, mas um soco doeu demais, e então falei “chega”. Vou embora de cabeça erguida – declarou.

Ela afirma que sua desistência da luta não foi um protesto contra a liberação que permitiu Khelif competir na categoria feminina, mas destacou que sua decisão deve ser considerada pelas Olimpíadas.

– Eu não perdi hoje, apenas fiz meu trabalho como lutadora. Entrei no ringue, lutei e não consegui. Saio de cabeça erguida e com o coração partido. Sou uma mulher madura. O ringue é a minha vida. Sempre fui muito instintiva. Quando sinto que algo não está certo, não é desistir, é ter a maturidade de parar – afirmou a atleta.

Após a disputa, a Federação Argelina de Boxe comemorou a “vitória” de Khelif nas redes sociais.

– Parabéns à boxeadora argelina Imane Khelif, que responde fortemente no ringue e se classifica para as quartas de final, após derrotar a italiana Angelina Carini em menos de 46 segundos, sem esforço – escreveu.

A própria atleta se pronunciou após deixar o ringue dizendo que “Se Deus quiser, esta foi a primeira vitória” e que Ele deseja lhe dar o ouro.

Apesar da decisão de liberar Khelif e Lin para competirem, o próprio sistema do COI informa que ambas as atletas foram reprovadas no teste bioquímico do último ano. Lin Yu-ting estreia sua primeira luta nos Jogos de Paris nesta sexta-feira (2), disputando na categoria feminina de até 57kg.

Por: Thamirys Andrade

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