A cantora, apresentadora e empresária Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em decorrência de complicações causadas por um câncer no intestino, também conhecido como colorretal. Ela estava em Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde realizava um tratamento experimental contra a doença.
Diagnosticada em janeiro de 2023, Preta compartilhou com o público cada etapa do processo, as cirurgias, as sessões de quimioterapia e radioterapia, a esperança da remissão e, mais recentemente, a retomada do tratamento fora do Brasil. Em dezembro de 2024, chegou a passar por uma cirurgia que durou mais de 18 horas para remoção de tumores.
Neste ano, a artista embarcou para os Estados Unidos em busca de novas possibilidades terapêuticas. Ao longo dos últimos anos, ao compartilhar sua jornada contra a doença, ela trouxe visibilidade ao câncer colorretal, um dos tipos mais comuns e que, apesar de silencioso em muitos casos, pode ser detectado precocemente com exames de rastreamento.
ENTENDA A DOENÇA
Com uma incidência crescente a partir dos 50 anos, o tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso, também chamado de cólon, ou no reto. Vale lembrar ainda que o principal tipo é o adenocarcinoma e, em cerca de 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, tornando-se malignos.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que no triênio 2023-2025 haja 45.630 casos da doença em homens e mulheres a cada ano.
– Apesar de a doença muitas vezes ser silenciosa, o paciente deve observar se há alterações do hábito intestinal, tais como constipação, diarreia, afilamento das fezes, ausência da sensação de alívio após a evacuação [como se nem todo conteúdo fecal fosse eliminado], massas palpáveis no abdômen, sangue nas fezes, dores abdominais, perda de peso sem motivo aparente, fraqueza e sensação de fadiga – explica o oncologista Artur Ferreira.
Entre os fatores de risco destacam-se: consumo de dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em vegetais, alto consumo de carnes vermelhas, sobrepeso e obesidade, inatividade física, tabagismo e a presença de doenças inflamatórias intestinais como a retocolite ulcerativa. Fatores hereditários também são importantes, mas Ferreira ressalta que eles exercem menor influência no surgimento de tumor colorretal.
Em boa parte dos casos, felizmente o câncer colorretal é curável. No entanto, é essencial que o diagnóstico aconteça precocemente, aumentando assim o sucesso do tratamento. Por isso, é importante o rastreamento precoce, quando adequadamente indicado, para que o tumor seja identificado em sua fase inicial.
– Diferentemente do câncer de mama, por exemplo, onde a doença é identificada com os exames de rotina geralmente em fase inicial, já instalado, o tumor colorretal pode ser descoberto em sua fase pré-cancerosa com a colonoscopia – conclui o médico.